A ESPADA DE OURO

OSVANDIR E A ESPADA DE
OURO

 

Capítulo I

O Trem

 

Osvandir
saiu de casa apressado, foi até a biblioteca da Academia de Letras e pegou nas
prateleiras empoeiradas, um dos livros mais antigos que ali existe: A Espada de
Ouro.

 

Leu uma boa
parte, não satisfeito, pediu autorização à secretária para copiar algumas
páginas. Retornou, recolocou o livro no lugar e foi almoçar no Restaurante
Popular. Pensou que seria rápido, mas não foi. Mesmo comprando a marmita, ficou
na fila um tempão.

 

Bem,
Osvandir saiu dali e voltou à Biblioteca para apanhar a sua mochila. Iria pegar
o trem, aproveitando um vagão de passageiros que adaptaram para a visita do
Governador à cidade.

 

Pulou os
trilhos, dependurou-se nas laterais e conseguiu entrar para o confortável e
luxuoso vagão. Tinha até cama, dava para tirar uma boa soneca.

 

O trem ia a
alta velocidade, uma fumaça preta apareceu na cabine. Mais adiante um
deslizamento de terra na via férrea. Acionaram os freios eletrônicos. Nada!

 

Ouviu-se um
ranger de trilhos riçando nas rodas dos vagões. Os maquinistas em polvorosa. Nada
poderia ser feito, o recurso era aguardar o contato com as pedras.

 

O
descarrilamento foi fatal. Dez vagões saíram dos trilhos. Produtos de toda
espécie ficaram esparramados perto de um Povoado.

 

A carga, em
sua maior parte foi saqueada. A empresa não se importou muito, porque estava no
seguro.

 

Assim que
as pedras e a terra foram retiradas, os vagões que não estavam avariados foram
reconduzidos aos trilhos e seguiram em frente.

 

Capítulo II

O Sábio Ancião

 

Desceu em
Itaúna e de  lá seguiu até Belo
Horizonte, onde iria partir para uma cidadezinha bem escondida no meio da
floresta Amazônica, viajando ora de avião, de barco e de carro.

 

Ao chegar
a  Amazonolândia, pequenina cidade
incrustada no meio da floresta, procurou os seus contatos e estes informaram
que deveria seguir em frente, de barco, cerca de 50 km ao Norte, para
encontrar quem procurava.

 

Depois de
viajar bastante, visualizou bem próximo de uma frondosa árvore, a entrada de
uma caverna.

 

No frontal havia
uma estranha escrita que Osvandir não conseguiu identificar. Parecia os sinais
da Pedra do Ingá, na Paraíba. Gritou na entrada, ninguém atendeu.

 

Assim que
caminharam uns 30 metros
uma saraivada de pedras foram atiradas sobre os dois aventureiros. Esconderam
atrás de um barranco e as surpresas continuaram. Lá do fundo da gruta veio uma
claridade de cegar os olhos. Depois tudo escureceu e novamente uma luz brilhou.
Qualquer coisa vinha chegando, ouviram o som de passos na areia fofa do fundo
da caverna.

 

Osvandir e
seu companheiro pareciam assustados. Assim que resolveram sair do esconderijo,
nova onda de pedradas surgira do nada. Parece que saiam do barranco. Novamente
agacharam e aguardaram os acontecimentos.

 

Quando já
pensavam em desistir apareceu um velhinho, barba branca, nariz adunco, cabelos
longos e um medalhão de ouro amarrado na testa, por uma tira de couro. Roupa
estranha, não parecia de nosso tempo.

 

Ao
aproximar-se dos dois aventureiros recebeu uma pedrada na cabeça e caiu. O seu
próprio sistema de segurança atingiu-o.

Osvandir
arrastou-o para fora da caverna e só teve tempo de ouvir o seguinte:

— Ita Ingá,
ita una.

 

Ao
pronunciar a última palavra, retirou o medalhão de ouro da testa,  entregou ao nosso herói e faleceu.

 

Com aquele
abacaxi nas mãos, resolveu anotar em seu caderno de campo, o que ouvira do
ancião.

 

Lembrou dos
estranhos desenhos no frontal da caverna e pensou:

— Ita Ingá,
ita una… seria Pedra do Ingá, pedra negra?

O seu
companheiro de viagem nada disse e nem perguntou.

Pegaram as
mochilas, fizeram algumas fotos, anotaram a localização pelo GPS, caso
necessitassem voltar ali.

 

Pegaram o
barco, depois de uma  longa jornada se
dirigiram para Amazonolândia o mais rápido possível.

 

Ao chegar
de volta a pequena cidade do interior do Amazonas procuraram saber como seguir
em frente até o Estado da Paraíba, na localidade de Ingá.

 

Capítulo III

A Pedra do Ingá

 

“A Pedra do Ingá é um dos mais estranhos
monumentos arqueológicos que encontrei em minhas viagens pelo interior do
Brasil” J. A Fonseca (Via Fanzine &
Ufovia)

 

A
primeira  coisa que Osvandir fez, foi ir
até a Câmara Municipal da cidade, para perguntar onde poderia conseguir alguns
exemplares de livros que falassem da famosa Pedra do Ingá.

 

Foi
indicado uma reportagem e um livro. A reportagem, “ensaio
sobre a Pedra do
Ingá”
do seu colega J.A.Fonseca, de Itaúna-MG; a outra era “A Pedra do Ingá: Itacoatiaras na Paraíba” de 2008 do
historiador e Presidente da Sociedade Paraibana de Arqueologia Vanderley de
Brito. Adquiriu a última, numa pequena livraria na cidade.

 

Ao
passar pela Prefeitura, recebeu de presente uma cópia da reportagem que já
conhecia. Comprou uma caneta “destaca texto” para assinalar os principais
parágrafos  necessário a sua pesquisa.

 

No artigo
de Fonseca ficou sabendo que “As inscrições gravadas nos rochedos, eram
denominadas pela ciência arqueológica de gravuras rupestres ou de itacoatiaras
(do tupi: ita = pedra, kwatia = riscada).”

O clima na
região é semi-árido e as temperaturas variam de 35 a 40 graus, conforme informou
um funcionário da Prefeitura.

 


É sabido que se trata do maior, mais complexo e mais misterioso conjunto
rupestre que reporta a um passado desconhecido e carrega consigo uma grande
quantidade de caracteres e signos ainda por serem decifrados, — informou o
nosso guia.

 


Alguns estudiosos dizem que tais sinais foram gravados por visitantes
extraterrestres.


Esta é uma das teorias aventadas.


Uma pedra com cerca de 23 m
de comprimento e altura aproximada de 3,50 m, com vários tipos de signos e caracteres
desconhecidos deve mesmo fundir a cuca de qualquer arqueólogo.


Existe alguma teoria sobre como elas foram gravadas na pedra? — quis saber
Osvandir.


Sim, alguns estudiosos dizem que elas foram executadas por meio de algum tipo
de instrumento pontiagudo, até produzir os baixos relevos que ali se acham
incrustados.


Houve ainda quem veiculasse
uma
lenda dizendo que no interior da pedra se encontrava encerrado um grande
tesouro, levando muitos vândalos e gananciosos em
busca de riqueza fácil a tentarem destruí-la, — informou o guia.

 

Osvandir
analisou as gravuras de pedra e achou que pareciam com alguns encontrados na
Ilha de Páscoa. Nesta região as itacoatiaras (pedras pintadas, em Tupí), estão
por toda parte.

 

Como o sol
estava muito quente foram procurar um abrigo para descansar.

 

Uma
hora  se passara e não chegara a nenhuma
conclusão. Perguntou ao guia se existia alguma pedra negra por ali. A resposta
foi positiva. No alto de um pequeno morro existiam umas pedras de cor preta.
Resolveram ir até o local.

 

Fotografando-as,
Osvandir notou que uma delas se destacava. Aproximou mais e viu que um sinal
já  visto em algum lugar. Retirou o
medalhão do ancião do bolso e conferiu. Era nele mesmo que estava o desenho de
uma cruz com a parte inferior bem maior.

 

Tentou
levantar a pedra, mas ela parecia estar pregada na laje. Mais um pouco de força
à direita e ela moveu-se com mais facilidade, deixando aparecer um pequeno
buraco.

 

Usou a
lanterna e viu alguma  coisa parecida com
um pergaminho, muito rústico, feito com uma planta nativa da região.

Retirou-o
com cuidado e abriu. O que viu não resolveu quase nada. Era apenas um mapa com
desenhos de vários pezinhos de três, quatro e seis dedos e aquela estranha cruz
com a parte inferior mais comprida.

 

Sem
saber o que fazer, resolveu retornar ao seu Município, com as fotos, o medalhão
e o mapa.

 

Capítulo IV

A Espada
de Ouro

 

Alguns
dias depois resolveu pesquisar mais o assunto e leu num relatório da Associação
Mato-grossense de Pesquisas Ufológica e Psíquica (AMPU), algumas lendas que
achou interessante juntar ao material.

 

Uma delas
citava que os índios Bororos e Xavantes relatavam histórias de semi-deuses que
seriam criaturas pequenas de mais ou menos 1,20 m, com a cabeça
desproporcional ao corpo. Alguns teriam três, outros quatros e outros seis
dedos nos pés. “Eles viveriam em cavernas e viriam das estrelas.”

 

        O
relato é semelhante à lenda dos índios do Xingu, na Amazônia. Existem outras
lendas indígenas que citam uma “carruagem de fogo que veio do céu, ensinou algumas
culturas a eles e voltou novamente para as estrelas”, afirma.

 

“Uma outra
lenda indígena é a da Lagoa Encantada, que fica dentro da reserva indígena
Xavante, próximo do município de Nova Xavantina. Essa lenda conta que a lagoa
seria a entrada das moradas dos deuses, onde luzes mergulham e depois saem da
água em direção às estrelas. Um mistério que existe nessa lagoa é a ausência de
vida, só que as pessoas não sabem dizer o porquê“,
indaga o presidente da AMPUP, Ataíde Ferreira.
.”

 

Com
os dados apurados, resolveu partir para aquele local.

Seguiu no
primeiro avião, chegando a cidade de Barra do Garça ainda cedo.

 

Usou a
mesma tática anterior: Procurou a Prefeitura e copiou um mapa do município e se
informou das principais lendas da região. O local é conhecido mundialmente como
santuário místico e metafísico.

 

E o site da
Prefeitura informava na parte turística:

 “A Serra do Roncador é o berço de todas as
lendas e relatos místicos. Ela recebe o nome de Roncador porque o encontro do
vento forte com as rochas produz um som assustador.”

 

No meio
daquele turbilhão de informações, Osvandir foi chegando e dirigindo-se para a
Gruta dos Pezinhos. Não pode entrar sem autorização especial.

 

As
autoridades foram contatadas e mediante as suas informações, deram logo autorização
por escrito.

 

Ao adentrar
a Gruta dos Pezinhos, seus olhos se dirigiram exatamente para uma pedra que
estava mais saliente na parede. Ao apertá-la, ouviu-se um pequeno barulho de
uma porta se abrindo. Olhou para direita e lá estava uma abertura de
aproximadamente dois metros de altura por um de largura. Iluminou o local e
antes de entrar tomou a precaução de colocar algumas pedras escorando a porta.

 

Lá no
centro da caverna encontrou um esqueleto e uma cruz de ouro maciço. Era o que
procurava. Mais parecia uma espada. Tinha um dispositivo na parte superior
parecido com um botão de disparo.

 

Ao acionar
este botão Osvandir teve a surpresa de constatar que realmente aquela cruz era
na realidade uma enorme espada e muito bem trabalhada.

 

O
interessante e intrigante material descoberto foi levado para o Museu Nacional.

 

Manoel Amaral

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