ÁGUA DE COCÔ
Durante a semana passada o assunto em pauta era a Crise da Água, mas antes uma notícia interessante era a de que um dos maiores gênios da informática, Bill Gates, aparecia num vídeo bebendo um copo d’água. Até aí nada de mais, só que ele informou que a água era reciclada de esgoto, água de cocô.
Ouve-se um oooooh!
— Água de cocô? Como pode ser uma coisa dessas?
– Eu não beberia, que coisa nojenta.
Aí fui lembrar que na década de 70, no Povoado da Prata de Cima, em São Gonçalo do Pará/MG, houve uma coisa semelhante, com ajuda do Banco Mundial, fez-se um tratamento dos esgotos nas ETEs e a água saía limpinha lá embaixo.
Consumo da água: Cada copo de 250 ml de cerveja gasta 75 litros de e em uma xícara de café está 140 litros de água. Um quilo de carne consome 15.500 litros, um quilo de queijo cinco mil litros. E em algumas empresas o assunto é ainda muito pior: indústria de carros.
E esta folha de papel consumiu 10 litros de água.
Se o assunto é solução da Crise de Água, o melhor modelo é o do Paulista de Valinhos que inventou uma máquina que retira a água do ar. A máquina menor custa R$3.500,00 e libera 30 litros de água por dia.
Fala-se muito hoje em dia em outorga, mas o que é isso?
“A outorga de direito de uso da água representa um instrumento, através do qual o Poder Público autoriza, concede ou ainda permite ao usuário fazer o uso deste bem público.”
Acontece que o usuário na maioria das vezes não paga nada ou paga uma ninharia.
Temos 36 bacias hidrográficas no Estado de Minas, éramos a Caixa D’água do Brasil. Das duas uma: a bacia ou a caixa está furada.
A Crise da Água é bom reforçar que 70% do consumo estão com os Agronegócios, 20% com as Indústriase 10% com o Povão. E o controle começa de baixo para cima.
Falhas que levaram ao problema:
I – Falta de gestão inteligente dos recursos hídricos;
II – Programação deveria ter começado há dez anos;
III – Degradação dos rios e córregos;
IV – Falta tratamento esgotos;
IV – Sem controle no uso de águas subterrâneas e sem cobrança;
V – Desmatamento causado por grandes empreendimentos.
O que precisa fazer urgente:
I – Sistemas de Irrigação sustentáveis, pago;
II – Investir em gestão das águas;
III – Recuperação de nascentes e revitalização de córregos e rios;
IV – Revisar o sistema de outorgas, com maior rigor na autorização;
V – Transparências nas ações políticas ambientais.
O Governo não pode combater apenas os vazamentos e “gatos” dos pobres, deve fiscalizar as outorgas e as “onças” das mansões, “proibir desvio de cursos d’água e intervenções em áreas de preservação.”
Obra parada: A transposição do Rio São Francisco, que já consumiu bilhões é um caso perdido.
Governo de Minas pede R$1 bilhão para obras sobre as nossas águas.
São Paulo quer retirar água do Rio Paraíba do Sul para socorrer o Sistema Cantareira e pode prejudicar o Estado do Rio de Janeiro.
Guerra da Água já começou!
Manoel Amaral