Categoria: Doenças
OS VELHINHOS DA MANIFESTAÇÃO
Ouro nos dentes;
Pedras nos rins;
Açúcar no sangue;
Chumbo nos pés;
Uma fonte inesgotável de gás natural…”
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O CASO SOUZA
Souza estava sempre tristonho, amarrotado, mal passado, gosto amargo na boca e no coração.
Fim da vida, internado, sem ninguém para cuidar daquelas dores reais.
Família não vinha vê-lo, tinha que pagar por um cuidador de idosos.
Não deixaria herança, estava fadado a passar os seus últimos momentos ali sozinho, sem ninguém, pelo SUS, até sem enfermeiros.
Entubado e amarrado, para não cair da cama, com aquele lençol encardido, um roupão simples, quase branco, do hospital de uma cidade qualquer.
Souza tivera muitos amigos quando ainda possuía dinheiro para pagar as farras. Agora ninguém vinha visitá-lo. Nem um papinho, nem um minutinho, nem um cigarrinho, nem uma pinguinha!
Até o seu melhor amigo, o João, aquele que vivia sempre com ele, não apareceu.
Souza era um grande cara, estava sempre rodeado de amigos. Bebia muito, fumava muito, vivia na noite, dormia de dia.
Começou a fumar aos quatorze anos quando foi numa pescaria com seu tio, lá pras bandas do rio. Diziam que era para matar mosquitos.
Era o pior cigarro, mais barato e fedorento: Saratoga.
Tomou gosto pela coisa. Estava sempre com um na boca mesmo apagado.
Fumou todas as marcas: Yolanda, Dalila, Neuza (mentolados), Odalisca, Continental, Camel, Minister, Hollywood, Mistura Fina, Liberty, Marrocos, Eldorado, Ascott, Negritos, Fulgor, Cigarrilhas Talvis e foi até colecionando algumas mais bonitas.
Passou até a vender fumo no mercado. Suas roupas eram todas furadas pelas brasas dos cigarros.
A fumaça invadia todos os locais onde estava, incomodando a todos não fumantes.
Disseram para ele que o fumo provocava:
-Diminuição dos batimentos cardíacos, da pressão arterial e da respiração.
-câncer do pulmão, da boca, da garganta, do esôfago da laringe e da bexiga.
-Angina de peito e infarto do miocárdio.
-Isquemias ou hemorragias cerebrais.
-doença pulmonar obstrutiva crônica.
-Maior risco de contrair câncer dos rins, pâncreas e estômago.
-Tosse típica.
-Maior probabilidade de sofrer bronquite crônica e enfisema.
Ele respondia que o seu avô fumava, o seu pai fumava e nunca tiveram nada e assim ele ia continuar fumando.
Mas a sua doença foi só aumentando: aquela falta de ar. Quase “subia pelas paredes”!
Falaram para ele voltar aos cigarros de palha, para fumar menos. (Cigarro de palha apaga toda hora, os outros não apagam porque tem pólvora).
Qual o quê, Souza arrumou um tição de fogo e ficava o dia inteiro acendendo o maldito cigarro de palha.
Daí foi parar no hospital, não tinha dinheiro para pagar. Ficou ali numa cama malcheirosa, seguindo o destino final.
Se tivesse algum dinheiro para gastar ou herança para distribuir o seu quarto continuaria cheio de gente, como não tinha nada disso a solidão baixou para o seu lado.
Ninguém nem sabia o seu nome completo, só o conheciam por Souza.
Morto e enterrado. Lá na certidão de óbito estava escrito o seu nome completo: Souza Cruz.
Manoel Amaral
OSVANDIR E A DOENÇA MISTERIOSA
(Dr. Osmandir, Tio do Osvandir)
O Tio do Osvandir havia muito tempo precisava fazer um check up. É que ele estava levantando a noite para urinar, bebendo muita água e ficava sempre com muita fome, fora do horário das refeições.
Fora isso tudo ainda perdera alguns quilos e ficava num cansaço, que imaginava ser dengue. Algumas feridinhas de seu braço estavam demorando muito a cicatrizar.No mês passado teve uma infecção urinária que foi difícil controlar, só terminou a custa de muito antibiótico e anti-inflamatório.
Quando estava escrevendo seus textos no computador, sentia uma dormência nas mãos e pés, visão embaçada. Era como se fosse um formigamento.
Pensou com ele mesmo: — deve ser a posição, a postura na cadeira. Foi até a loja mais próxima e comprou uma boa cadeira para uso na sala de computação. Qual o quê, tudo continuou na mesma!
Não tinha escapatória, ligou para seu médico, clínico geral e marcou consulta para o fim de semana.
Às dez horas pegou o carro na garagem, ao abrir a porta do veículo sentiu uma dor aguda do lado esquerdo do peito. Apressou a saída, desceu a rua de sua residência, pegou a via principal e foi para o centro.Na clínica várias pessoas conversando sobre doenças.
Até que uma velhinha falou sobre o seu marido:
— Ele andava meio triste, emagreceu muito, com a boca seca, visão embaçada e ia ao banheiro toda hora.
E a anciã continuava:
— Zezito, foi ao médico e ficou constatado…
Neste momento a secretária chamou-o para consulta, de maneira que não ficou sabendo o final da conversa das duas comadres.
— Vou vivendo…
— Então vamos aos exames, o que está sentindo ultimamente?
— Estou muito sonolento, boca seca, bebo muita água, dor nas mãos e pés, quero comer a toda hora e a noite levanto para urinar várias vezes.
— Meu amigo, nem precisa falar mais, vou solicitar alguns exames e cuide de voltar o quanto antes ao meu consultório.
Osmandir, o tio do Osvandir, saiu dali com várias interrogações na cabeça. Foi para casa e nem quis trabalhar mais naquele dia. Ficou remoendo as macacoas.
No outro dia foi logo levantando bem cedinho e se dirigindo ao laboratório de análises mais próximo de sua casa.
Passou a semana toda observando a si mesmo e aqueles sintomas eram reais. Estava mesmo perdendo peso, comendo muito, boca seca e querendo água. Mãos e pés então? Pioraram, estavam mais inchados.
Chegando à sexta-feira, foi ao centro da cidade três vezes, para o tempo passar mais depressa. Encontrou seus velhos amigos, mas com o mesmo papo de sempre: falando mal das eleições, da aposentadoria e do governo federal.
As mesmas velhinhas faladeiras estavam lá. Não deu muito ouvido, ficou do lado de fora observando o grande movimento de veículos nas ruas. Perguntou a alguém a razão daquilo e foi informado que naquele dia haveria uma grande festa na cidade.
Chegou o momento de seu encontro com o médico. Estava tremendo, parecendo que ia receber uma péssima notícia.
— E aí “Seo” Osmandir? Deu tudo certo?
— Foi fácil, consegui os resultados para hoje e aqui estou.
— Vamos ver… É amigo, a glicose está alta, também o colesterol.
— Mas doutor, isso é coisa grave?
— “Se não houver controle pode levar a pessoa a um processo de envelhecimento rápido, com falência de órgãos importantes como os rins, olhos, cérebro. O excesso de glicose na circulação provoca lesão de pequenos vasos sanguíneos que pode ocorrer em qualquer órgão do corpo.”
— Como vou fazer para controlar isso tudo?
— Tomando a medicação correta, fazendo a dieta que vou passar-lhe, não coma açúcares, doces. Consuma bastante verduras, legumes, saladas, cereais, alimentos integrais e faça, todos os dias, uma caminhada, de preferência à tarde.
— Mas que doença é essa doutor?
— Você tem diabetes.
Manoel Amaral
OSVANDIR E A GRIPE SUINA (A)
A PANDEMIA
Pandemia é o nome que damos para
uma epidemia generalizada.
Osvandir foi rápido até o aeroporto de Belo Horizonte e seguiu para São Paulo, Aeroporto de Congonhas onde seguiu para o México, City, as 13,00 horas, pela American Aierlines.
Reservou passagem de volta para o dia 15 de maio, totalizando a ida e volta o valor de R$3.335,00, parcelados suavemente.
Osvandir ficou pensando na farra das passagens aéreas, aquele “festival de pilantragens que deputados e senadores vêm promovendo com o nosso dinheiro”, nas palavras de Revista Veja de 29/04/2009.
Vários deputados viajando com filhas, esposas, netas, bisnetas, avós, primos e todos os parentes mais próximos, para paises longínquos, fazendo turismo com o dinheiro do povo. Ou então pagando contas de celulares de filhos e parentes e empregados domésticos de gabinete.
Estão confundindo o público com o privado, paises como os EUA só pagam as passagens de ida e volta a suas origens, nada mais.
E o Congresso não aprova nada de importante, por isto estão no fundo do poço, brigando ao invés de legislar.
Osvandir tirou aqueles pensamentos nefastos da cabeça, já que ele mesmo teria que arcar com o pagamento das despesas de viagem e estadia nos dias que passaria no México.
Avião vasio, quase nenhum passageiro, todas as aeromoças muito solicitas, atendendo a todos a qualquer momento. Dotado de muita modernidade, que Osvandir ainda não conhecia. Vários aparelhos de TV ligados, à disposição dos passageiros. Impossível dormir na viagem. Muitos filmes, reportagens e nada sobre a Gripe Suína, agora chamada de Gripe “A”.
Aeropuerto Internacional de la Ciudad del México, Benito Juárez, já estava a vista.
Uma longa pista de pouso refletia suas luzes e sinais. Muitos aviões cruzando o espaço aéreo.
Osvandir, de repente lembrou de um avião que teve um pouso forçado em Guadalajara, com 108 passageiros, no dia 28 de abril passado, ficou preocupado.
Mas a American Aierlines, tem um bom passado, poucos acidentes e muito bem cuidada na área de revisão dos aviões, tudo parece novo.
Apenas um pássaro passou de raspão nas turbinas, mas não teve nenhuma conseqüência maior. O pouso foi tranqüilo, sem nenhum problema para os passageiros.
Na entrada dos portões, cada um recebeu uma máscara azul para se proteger contra a temida gripe e um boletim com informações.
Osvandir seguiu para a fileira de táxis, perguntou sobre hotéis, mais próximo do aeroporto.
Mostraram-lhe um guia com vários hotéis no centro da cidade. Osvandir optou por um com linhas mais modernas, porém com preços bem baixos.
O taxista foi direto para o endereço escolhido, fez um preço especial, sem nem mesmo ser solicitado. Deve ser pela falta de passageiros.
Ao descer do veículo recebeu um cartão pessoal de Manuel, o prestimoso motorista, agradeceu-lhe as gentilezas e disse que ligaria se precisasse.
Dois carregadores de malas já estavam na porta do hotel prontos para capturar mais um turista, em tempo de vacas magras.
O número do apartamento foi meio surpreendente 313. É um número que quase ninguém gosta. No entanto já nos dizia Monica Buonfiglio que “o 13 representa o recomeço, já que é o número do sistema organizado e do término. Este número é o símbolo do determinado e particular, associado à finalização (benéfica).”
E continuava:
“O número 13 está associado a Morte e é considerada uma das mais intrigantes cartas do Tarot. O número 13 é negativo e fatalista para alguns; para outros, é um número de sorte. Sugere transformação, renovação e transmutação. Esta carta não significa necessariamente uma mudança negativa. Pode estar ligada a fatos agradáveis: casamento, nascimento, viagem para outro país.”
Mas como estava num país desconhecido e devido às circunstâncias, resolveu se precaver. Nada de extravagâncias, alimentação balanceada, muita salada, menos carnes. Muito suco e água.
Nas ruas, Mexicanos da capital ,estão todos assustados com a gripe suína. O clima da Cidade afetada pela epidemia, é desolador. Muitas escolas não têm aulas, jogos de futebol e outros esportes foram cancelados. Até cinema está proibido. Nos restaurantes não se vê viva alma, tudo abandonado. Diminuíram até os beijos.
Osvandir resolveu viajar para o interior no epicentro onde gerou a primeira morte pela gripe.
E no Jornal Diário do México uma constatação da OMS:
Ginebra.- La Organización Mundial de la Salud (OMS) reconoció ho
son “importados” de México, pues la gente viaja por todo el mundo y se
verán casos relacionados con diferentes países. ‘No creo que
todos los casos relacionados con iajes (e influenza) provengan de México,
MANOEL AMARAL
Leia os outros capítulos:
FONTE DE PESQUISAS
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/
www.jornalotempo.com.br
www.uol.com.br
http://volperine.multiply.com/
João Vasconcelos Costa ( Portugal). Peste Suina
Atila Lamarino, Doutorado em evolução de HIV-1.
Eliana Márcia Martins Fittipaldi TORGA, www.defesacivil.mg.gov.br
Jared Diamond – Livro: Armas, Germes e Aço – Os Destinos das Sociedades Humanas
(Vejam outros livros deste autor)
Reinaldo José Lopes – Globo – Pestes Animais
Arsénio de Pina – www.asemana.cv/ – Gripe A