Categoria: história infantil
A NAMORADA DO PINÓQUIO
Sua casinha era pequena, simples, mas muito limpinha e ela sabia fazer incríveis obras de arte dos restos retirados do lixo.
As crianças adoravam as bonecas que ela fazia da sucata.
Ela foi juntando tampinhas de garrafa pet, rolhas, arames, pedaços de tecidos, cordões e muitas outras peças. Construiu uma boneca especial. Todos que a viam falavam: ― Ela é tão linda, tão perfeita que parece uma criança de verdade.
Um marceneiro Italiano chamado Gepeto, acabara de construir, também, um boneco de madeira, muito bem feito, com o nome de Pinóquio.
Como no seu país ele não vivia bem, resolveu mudar para outro longe dali.
Escolheu um na América do Sul, onde diziam que naquela terra “em se plantando tudo dava.”
Vieram parar num grande país que outrora foi chamado de Ilha de Vera Cruz, Terra Nova, Terra dos Papagaios, Terra de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, Terra do Brasil e finalmente Brasil, devido a grande quantidade de árvores com o nome de pau-brasil.
Pinóquio não gostou da terra, viu que tinha muito mato e sujeira na cidade. Mas a proporção que foi conhecendo-a melhor começou a mudar de opinião.
Gepeto não sabia que o dinheiro que ele trouxera não dava para comprar casa nenhuma.
Acabou indo parar lá perto do lixão da cidade.
A primeira pessoa que encontrou foi a Dona Margarida, que o acolheu em sua casinha.
Gepeto ficou encantado ao ver a linda boneca feita de sucata e logo que a viu colocou-lhe o nome de Nóquia.
Os dois bonecos ficavam conversando o dia inteiro e Pinóquio queria mesmo era ser gente, ir para escola, trabalhar, ganhar um dinheirinho, comprar coisas e namorar.
Nóquia não sabia que Pinóquio era mentiroso e que cada vez que mentia seu nariz ficava vermelho e crescia. Ele acabou envolvendo-se com alguns políticos da cidade e chegou em casa contando mentiras.
Gepeto muito triste perguntou:
― Está com algum problema Pinóquio?
― Não papai…
Aí seu nariz começou a crescer, crescer, até que chegou ao conhecimento da fada. Ela ficou muito preocupada e o transformou novamente em boneco.
Não se conformando começou a chorar, chorar; até que a madeira começou a rachar com tanta lágrima. Gepeto vendo aquilo pegou as ferramentas e conseguiu trocar algumas peças e consertar o nariz.
A fada apareceu e disse para Pinóquio:
― Só posso transformá-lo novamente em criança se você prometer-me que vai se comportar melhor.
Ele prometeu, disse que nunca mais iria mentir, que aquilo era coisa do passado.
― Olha lá criança, se voltar a falar besteiras será transformado novamente em boneco de madeira… ou em coisa pior!
― Pode deixar, agora vou comportar-me direitinho.
Mas não adiantava, ele cresceu e continuou sempre mentindo. Até que um dia candidatou-se a Vereador da cidade e ganhou a eleição com suas mentiras.
Dona Margarida disse:
― Finalmente Pinóquio conseguiu um local ideal para trabalhar.
Manoel Amaral
OS TRÊS PORQUINHOS
Era uma vez, não faz muito tempo, três porquinhos que viviam felizes e tranqüilos na casa de sua mãe, na zona rural.
Como já estavam na meia idade, a mãe resolveu enviá-los para cidade, então chamou os porquinhos e disse:
– Queridos filhos, vocês já estão bem crescidinhos. Já é hora de terem mais responsabilidades, vou enviá-los para casa de seus tios, na cidade, para se tornarem mais experientes.
Distribuiu o cada um o dinheiro que seu pai, o senhor Porcão, deixara como herança e despediu-se dos mesmos:
– Até mais, meus filhos queridos, vão aprender alguma coisa na vida…
– Tchau mamãe, – disseram todos.
Pegaram o primeiro ônibus que por ali passava e foram para a cidade. O dia estava lindo, mas alguns passageiros reclamavam que o ambiente não estava cheirando bem.
– Deve ser o meu irmão mais novo, – disse Pedro, mais conhecido por Pedrito, – ele não costuma tomar banho direito.
– Olha irmão, eu estou limpinho! Tomei banho hoje. Deve ser alguém que soltou um pum por aí e está jogando a culpa nos outros, – respondeu o porquinho mais novo, conhecido como Palhaço.
– Ora gente, vamos deixar de briga, já estamos chegando à cidade, – falou Palito, o elegante porquinho do meio.
Desceram do ônibus e foram à procura da casa do tio, pejorativamente chamado de Senhor “Porcaria”. É que ele não prestava mesmo, bebia muito e vivia nas portas dos bares da cidade. Não cuidava bem da família.
Pedrito vendo aquilo, e a pobreza da família, resolveu procurar outro lugar para morar. Cada um foi para um lado. Palhinha foi para a periferia e acabou encontrando um barracão numa comunidade.
Palito comprou madeira, montou uma casa e passou a fabricar móveis ecológicos, com eucaliptos.
Já Pedrito que recebeu mais dinheiro, comprou uma boa casa no centro da cidade.
Os anos se passaram e cada um por seu lado. Um dia os bandidos subiram o morro, o chefão chamava-se Lobão, era muito bravo, mandou todo mundo sair e colocaram fogo nos barracões, entre eles estava o de Palhinha.
Muito triste, sem ter para onde ir, procurou o seu irmão mais velho
que o recebeu carinhosamente, mas como Palhinha não gostava muito de trabalho, resolveu procurar o outro irmão, o Palito, que fabricava móveis. Como por lá também tinha muito trabalho ele só almoçou e saiu para outros lados.
Filiou-se a um partido político da cidade. Ele que era palhaço de profissão e se deu muito bem, conseguindo uma vaga para candidatar-se a Vereador.
Seu número: 99.999 e dizia que “noves fora e sobra um”. Quase ninguém entendeu bem o recado, mas no fim da apuração ele teve uma votação espantosa.
Perguntavam para ele o que fazia um Vereador e ele respondia:
– Vote em mim que depois eu te conto. Pior que tá não pode ficá.
O Palhaço Palhinha foi eleito com 90% dos votos da cidade, elegendo mais quatro vereadores para o seu partido.
Aí todos entenderam o seu recado: noves fora e sobra um – todos 9 Vereadores não conseguiram reeleger. O PP (Partido dos Porcos) ficou com maioria na Câmara Municipal.
Com muita inveja, os demais Vereadores do PA (Partido das Araras) e PT (Partido dos Tatus), alegaram que ele era analfabeto e entraram com processo para impedir a sua posse.
No fim não deu em nada, ele era analfabeto funcional(*) e por que naquele país, que era igual aos outros, só mandava quem tinha dinheiro e agora o Palhinha estava muito bem assessorado e com muita grana no bolso.
MORAL: É melhor ser pobre e inteligente do que rico e burro.
Manoel Amaral
(*) analfabeto funcional: toda pessoa que sabe escrever seu próprio nome, lê e escreve frases simples e efetua cálculos básicos.
Imagem: Banco Google