Categoria: Mar
Mas o que aconteceu não foi nada agradável. Tudo deu errado. Um vírus do tipo B da Influenza atacou os passageiros logo na chegada ao Rio de Janeiro. O navio Imperador Peruano, o maior da frota da empresa, robusto, moderno e suntuoso e em todos os seus ambientes, mas quis o destino que alguns passageiros não passassem daquele local, morreram ali mesmo. Nem chegaram a ser levados até a um hospital.
Os outros passageiros saíram do navio e ficaram pelas ruas do Rio de Janeiro, vendo o desfile carnavalesco, mas muito tristes com os acontecimentos.
De volta ao grande navio que com todas as “ Luxuosas acomodações, amplas áreas sociais e muitas atividades nas áreas de lazer e entretenimento, é o que espera por você a bordo deste fabuloso navio. Alegria, descontração e muita diversão são os itens que agregam ao fantástico roteiro, visitando Rio de Janeiro, Salvador e Búzios. Todo este conforto fica muito mais saboroso, com o exclusivo sistema de “tudo incluído”, com todas as refeições, bebidas, shows e entretenimento a bordo.” conforme dizia o impresso distribuído na agência de viagens, não era mais o mesmo. Tudo estava sombrio.
OSVANDIR & O DIA EM QUE A INTERNET ACABOU
O RAIO AZUL
Um lindo raio azul cobriu aquele céu cheio de nuvens brancas. Tudo parou de funcionar. Os aviões pousaram em locais improvisados, apenas os pássaros permaneceram no espaço. A energia elétrica desapareceu.
As águas do mar ficaram revoltas, alguns vulcões voltaram a jorrar aquela lava, derretendo tudo a sua frente. Algumas ilhas afundaram, outras apareceram, mudando o Mapa do Mundo.
Novas Ordens foram criadas, maneiras antigas ressuscitadas. Gostos e desgostos em discussão. As cidades ficaram quase vazias. Não tinham o que fazer por ali, sem energia elétrica. Os bancos voltaram a utilizar aquelas velhas máquinas Facit de calcular, resgatadas dos museus e porões.
As máquinas de escrever Ollivetti ou Halda ficaram valorizadas. Os papéis diminuíram e muito caros. Todos os rascunhos foram aproveitados. Papel carbono, para cópias, era raro no mercado. No comércio em geral, passaram a utilizar o jornal velho para embrulhar as coisas.
As feiras de verduras se tornaram grandes feiras de troca. Tinha de tudo, até relógio de pulso movido a corda.
Os celulares eram abandonados nas mesas dos bares e serviam de brinquedos para crianças. Tinha até um jogo premiava quem atirasse o seu mais longe, no meio do brejo. Um artista plástico criou uma casa só destes aparelhos e gabinetes de computadores.
As bebidas fortes como cachaça, que não dependia da energia elétrica para a fabricação, voltaram ao mercado. O açúcar saiu da praça e entrou a rapadura no lugar. O café até ficara mais gostoso. Saíram os pães, roscas; as padarias estavam vendendo apenas biscoitos de polvilho e bolos de fubá do legítimo moinho d’água.
Aos poucos, os carros foram parando, quando acabava a gasolina.
Aqueles mais modernos, nem chegaram a funcionar, por causa dos circuitos elétricos. Estava até engraçado, os carros antigos valiam mais que os novos. Os Jipes ficaram, muito raros e caros, só os grandes fazendeiros os possuíam. Os antigos “Ferros Velhos” transformaram-se em “Ferros Novos”.
Criaram um óleo de mamona que fazia os veículos a diesel funcionarem perfeitamente, até os tratores.
Os jovens, agora sem internet, sem nada para fazer, sem shopping para visitar, foram plantar horta nos lotes vagos e acharam até divertido a nova distração. Os campos de futebol viraram currais para criação de ovelhas ou cabritos. Voltou o futebol de campinho de várzea.
Os astrônomos, ufólogos, jornalistas e outros correlatos foram plantar batatas ou fazer coisa melhor para sobreviver. Sobraram poucos cientistas, as profissões perderam o valor. Os professores estavam muito requisitados, mas o ensino era bem diferente.
(Continua, se eu sobreviver…)
Manoel Amaral
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