Capítulo II
CARNAL, NAVAL E CARNAVAL
No carnaval ninguém é de ninguém.
(Osamir: Prima do Osvandir)
Dejanira, filha de tradicional família de Belo Horizonte, havia completado 21 anos naqueles dias, como presente, recebera do pai, uma viagem a sua escolha. Optou ir por mar e conhecer vários lugares.
Pesquisou pela internet e achou uma que estava dentro do orçamento. Pagou antecipado, conseguiu um desconto de 10%, com as passagens nas mãos, aguardou com ansiedade o dia do embarque.
Cheia de sonhos, pensou que poderia resolver tudo sozinha. Preparou as malas, os documentos, algum dinheiro em cédulas e os cartões de crédito.
O dia do embarque chegou. No porto vários navios acostados, um ao lado do outro.
Procurava o nome do seu: “Sea King”. Olhou pela direita e pela esquerda, nada. Pensou que estivesse caído no golpe da viagem. Conversou com alguns turistas e um senhor de óculos escuros disse-lhe para procurar do outro lado, perto de umas lanchas e iates.
Num barco, com as letras quase apagadas conseguiu ler: ea King, o “S” não estava aparecendo quase nada. Era ele mesmo, mas o tamanho não correspondia com a realidade das fotos de propaganda da agência.
Subiu o primeiro degrau, voltou, queria desistir. Pensou melhor e seguiu em frente.
O olhar malicioso do capitão não lhe agradou. Procurou por seus aposentos, era bem pequeno, proporcional ao tamanho do barco.
Quando saiu para a parte superior, o salão de festas, o que viu foram vários homens correndo atrás de algumas garotas, quase nuas.
Deixou de lado estas observações e foi direto para o restaurante. A comida não era lá grandes coisas, mas deu para acalmar o estômago.
Na manhã seguinte, observou uma pequena ilha e uma praia no litoral. Não suportando o ambiente e mediante o ataque de três homens, muito mal encarados, resolveu saltar do “Rei dos Mares” e o resto seria o que Deus quisesse.
Ela nadou até cansar, o mar a levou até aquelas pedras onde Osvandir a encontrou.
Agora, recomposta, mais feliz, já queria até passear pelas trilhas da Pousada e quem sabe até escalada e descer em rapel.
Um grupo saiu para o lado da praia e outro para a cachoeira, Osvandir e Dejanira estavam neste segundo. Divertiram-se por entre aquelas pedras durante a parte da manhã.
Terça-feira chegava ao fim, quarta-feira de manhã terminava o contrato com a Pousada e muitos retornariam a sua cidade.
Osvandir também seguiria para a sua terra, mas primeiro teria que resolver como ficariam as contas de Dejanira.
Entrou em contato com a administração e mandou somar as despesas de sua estadia. Não chegou a quinhentos reais. Pagou com seu cartão de crédito.
Solicitou ao Senhor Jorge, que reservasse uma passagem aérea de Natal, RN até Belo Horizonte, MG.
Ambos seguiram no mesmo avião para a capital mineira, descendo no Aeroporto Internacional Tancredo Neves – Confins.
De táxi foram até a casa daquela jovem, num bairro ali bem próximo do aeroporto.
Os pais já sabiam de toda a história. Agradeceram ao Osvandir por ter acolhido a sua filha.
Tomaram um lanche e o pai de Dejanira quis saber quais as despesas que fizera com a sua filha. Nada foi cobrado e o assunto encerrado.
Despedindo-se da amável família, seguiu para sua terra.
Na quinta-feira, tirando um extrato bancário, notou um depósito de diferente. Consultou os seus documentos e não conseguiu descobrir de que se tratava.
Seria depósito da família de Dejanira? Mas como ela descobrira o banco, número de sua conta e agência?
Lembrou que quando estava efetuando os pagamentos das despesas, na pousada, ao tirar os documentos do bolso, o talão de cheques caiu sobre a cadeira, Dejanira ficou com ele nas mãos por um tempo e depois lhe entregou.
Para tirar as dúvidas Osvandir pegou o talonário de cheques e descobriu que a primeira folha havia desaparecido, exatamente onde consta a quantidade de cheques, o nome do cliente, o número da agência e conta corrente,
Manoel Amaral