OSVANDIR E A DURA REALIDADE
“Nem todo patife é ladrão, mas todo ladrão é patife.” (Aristóteles)
Estou contando o que ouvi, não cheguei a examinar o processo:
Um ladrão foi roubar num sítio, aqui na região. Chegou, escondeu-se no mato, esperou escurecer. Não viu ninguém por ali. Foi entrando no barracão, através da porta principal, arrombando-a com pé-de-cabra.
Porém não contava com o fator surpresa: o dono do sítio estava lá dentro. Numa luta corporal o proprietário pegou uma foice e cortou uma parte do pé daquele bandido.
Comunicou o caso a polícia, fizeram um Boletim da Ocorrência.
O sitiante pensou que o caso estava encerrado. Não estava nem começando…
Dias depois recebeu uma citação para comparecer a audiência a realizar-se três meses depois.
Era uma ação por danos materiais e morais. O ladrão reclamava que não podia mais andar e muito menos trabalhar, (logo ele que nunca trabalhou na vida!) por isso, além das despesas com hospital requeria uma pensão mensal de um salário mínimo até quando completasse 65 anos, a título de danos morais.
O réu disse que não poderia concordar com tal absurdo, pois o bandido foi até a sua casa para roubar. Não havendo acordo, deu-se prosseguimento ao processo e meses depois veio a sentença condenando o réu aos valores mencionados.
Houve apelação, nada adiantou. A sentença foi confirmada. Quando veio a soma dos valores atrasados, mais custas, honorários e coisas tais, o Senhor João quase teve um ataque do coração.
Não conseguiu pagar tudo, foi preso e maltratado na prisão, a família pagou o restante.
Mediante todas estas humilhações, aquele Senhor de 65 anos, deu fim na vida, bebendo um veneno que adquiriu na farmácia mais próxima.
No outro dia Osvandir viu o autor da ação transitando pelas ruas numa big cadeira de rodas movida a bateria…
MANOEL AMARAL
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